terça-feira, 26 de março de 2013

A Arte de Ensinar (e aprender!) Inglês ( ou outra língua que não seja a sua!)



 
            Tenho ensinado  Inglês. E gostado.  Para alguns,  quando conto minha nova façanha me olham e dizem, “morou na gringa e agora está dando aula!”... É, morei  na gringa, porque um dos objetivos era sim, me tornar professora... Batalhei, vendi tudo que era meu ( ou que meu pai me deu!)  paguei cursos que não podia e  micos também, enchi o saco de muita gente (sempre!)  não entendia o que a professora dizia na sala de aula no ínicio. Pensei em desistir depois de 4 meses, depois de 7.... Consegui ficar um ano... E foi suado. Voltei com um inglês “malemá”, por assim dizer, tinha vergonha de falar, medo de falar, inseguranças, ainda tenho, não sei tudo, impossível, mas minha sede de saber cada dia mais, é imensa e tenho aprendido e melhorado muito!

             Ninguém nasce sabendo inglês, nem português, nem espanhol, nem  chinês, nem koreano, nem língua qualquer,  tudo se aprende, prova disso, são as crianças, que se expostas a qualquer tipo de língua quando pequenas vão crescer sabendo todas. Aprender uma nova língua é exposição constante. 

            Hoje, enquanto vinha em bora do trabalho, estive pensando em alguns alunos que ainda são muito resistentes ao aprendizado da língua, inseguros,  outros com muita facilidade, outros que não curtem.... Como lidar com tudo isso, na minha pouca experiência  como professora? Me lembrei , assim, como foi meu  primeiro contato com a língua. Acho que eu tinha uns 12 anos mais ou menos, tinha acabado de entrar na 5º série e começaria ter aulas de inglês, mesmo sendo canceriana (dizem que somos tímidas!), tenho ascendente em leão ( o que faz que eu sempre queira ser o centro das atenções, rs) , lá fui eu de dicionário em punhos, montar frases para impressionar a D. Silvia Helena, minha professora (ótima por sinal), da época, e sabe o que eu fiz, sendo o primeiro mico da estória montei frases com as fonéticas das palavras, sim, aqueles simbolos que ninguém entende,  que ficam na frente das palavras no dicionário e servem pra que aprendamos a pronunciar corretamente a mesma ( o que comigo nunca funcionou de inicio!) rsrs . Pense no trabalho que a pessoa teve em desenhar todos os simbolos ao escrever  “ I like my teacher!” ,  “ahy lahyk  mahy  tee-cher”

            Primeiro mico da vida no inglês, mal sabia que passaria mais vários, muitos anos depois....  Mas corajosa e cara de pau que sou, peguei minha folhinha e entreguei  para professora,  que ao olhar aquela loucura, abriu um sorrisão e mesmo sem saber se aquilo era inglês ou maori, finlandês, ou coisa parecida,  respondeu  “Muito bem,  Mabelly, ficou ótimo!” e eu me senti a mais foda, a mais inteligente, quase uma bílingue nata! Mal sabia que num futuro próximo não seria bem sim.

            Pensando nisso hoje, fico emocionada e agradecida, ela podia ter acabado com todos meus sonhos de aprender a falar outra língua, poderia ter criado um grande trauma  e uma resistên cia sem fim a aprender uma coisa nova a qual gostava muito! Mas não, ela me abriu caminhos...

            Aí vem a questão, será que  que todos os professores tem noção das atitudes perante os alunos, a gente peca tanto. Quantos sonhos a gente estimula ou não? Quantos caminhos abrimos? Ou não? Fiquei de cara. Preocupada. Mas feliz por ter chegado nesse questionamento comigo mesma, será que estou dando mesmo meu melhor.... Porque pelo amor, não quero estragar sonhos, nem fechar caminhos, muito pelo contrário...
            No meio disso tudo, não tiro em nenhum momento a responsabilidade do aluno. Professor abre caminhos e dá ferramentas, mas se você não estuda meu chapa, a não ser que você seja um gênio, não vai aprender...  Lembro que quando morei na Australia,  era a mais perdida que cego em tiroteio, ficava finais de semana inteiros em casa, tentando entender via internet, livros e tradutores,  o que acontecia nas aulas, porque simplesmente, eu não entendia o que estava acontecendo dentro dela.  No começo a vida de baladas era bem pouca, por falta de grana e por falta de entendimento!rs

            Mas a questão que ficou pra mim disso tudo é “quanto preciso pra ser melhor?” Muito, eu sei...   E apesar da profissão de professora ser quase  nada valorizada no Brasil, (assim  como músicos, artistas, etc), apesar de ter que ouvir de amigos, que moramos na gringa para nos tornarmos professores, eu me orgulho... Porque professor a gente não se torna, você pode aprender técnicas, estudar, mas professor mesmo, a gente nasce. E a responsabilidade é grande, mas apaixonante.

            Obrigada à todos meus alunos que confiam em mim, às escolas que me deram oportunidades e aos amigos que sabem que mesmo morando na gringa, a gente continua pé rapado lutando por cada pedacinho daquilo que a gente merece! J

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